7 de fev. de 2014

Breve introdução à Magia, parte 2

Por: Colorado Teus

Satisfação,

esta é a continuação de uma série de textos que se iniciou no texto Breve introdução à magia. Naquele texto falei sobre a interação que o ser humano é capaz de estabelecer entre os mundos físico e metafísico (ou o que está além do físico) e que, quando a conexão é estabelecida de maneira intencional, esta conexão é chamada de Magia.

Hoje falarei um pouco mais sobre as divisões e classificações que são feitas para alguns dos diferentes planos do além físico e citarei algumas técnicas que são utilizadas para a eliminação de interferências que podem atrapalhar a comunicação entre eles (outros planos) e nós, entre nós e eles. Sugiro a prévia leitura do texto Os Quatro Elementos para melhor compreensão sobre o que será falado aqui.






A primeira parte do processo de classificação de qualquer coisa é a percepção de padrões e, por causa deles, surgem os grupos em que todas as coisas tem pelo menos alguma coisa em comum. O que faz de mim um ser humano e não uma rocha? Por que escrevo com um notebook e não um ipad? (minha pobreza? rsrs) O que eu vejo para falar que o céu de dia é azul e não amarelo?

As respostas são bastante óbvias, mas enquanto alguém não se perguntou "qual a diferença entre eu e uma rocha", não havia diferença entre a pessoa e a rocha. Muitos devem ter percebido que esta metáfora foi utilizada no livro Gênesis da Bíblia:

"E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

Gênesis 3:6-7

"Olho" (em Hebraico Ayin) é por onde enxergamos, é por onde reconhecemos as diferenças (principal parte de longe), separações entre as coisas e também os padrões. Conseguir reconhecer as diferenças já é a grande maldição, é saber que existe algo em melhor situação que nós que nos deixa mal e traz sofrimento, a ignorância é uma 'benção' neste sentido.

Créditos da tirinha ao blog "Um sábado qualquer".

Porém, não é de todo ruim, no próprio Gênesis isso é melhor explicado logo depois:

Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,
O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.

Gênesis 3:22-23

Lembrando que o homem tinha sido feito "À Sua imagem e semelhança", a única coisa que o separava de ser realmente um Deus era ter seu olho aberto para o Conhecimento (Da'ath em Hebraico), assim então começar a perceber as diferenças entre cada coisa que conseguia ver (o que é representado por um abismo, algo que separa duas coisas em níveis diferentes).



Voltando à analogia da primeira parte, do homem que dominou o fogo, o primeiro padrão que ele deve ter percebido é que sentia algum incômodo ao chegar perto do fogo; um segundo é que o fogo precisava queimar algo para se manter vivo, e que não queimava tudo de uma vez, algumas coisas demoravam um pouco mais para queimar ou nem queimavam; uma terceira é que se ele colocasse um graveto próximo ao fogo sua ponta começava a queimar, porém, sem causá-lo o incômodo enquanto o fogo estava só no graveto; assim ele começou a conseguir transportar o fogo de um lugar para o outro.

Notem que a percepção de padrões está presente em qualquer processo de descoberta e essa é a principal ferramenta (como uma muleta para a Vontade, o Querer, citado no texto anterior) para a evolução do homem, para a escalada do abismo, indo de um simples animal até Deus.

Com a percepção de padrões, o homem passou a perceber que muitos se repetiam nas diferentes coisas do universo, por exemplo, Yin e Yang (contração e expansão) estão presentes desde o modo como a musculatura do ser humano se move para ele se mexer, como a maneira com que pessoas se comportam (extrovertidas e introvertidas), presença e ausência, no sexo (ativo e passivo) e infinitas outras coisas. Daí se tem o princípio da analogia "O que está em cima é análogo ao que está embaixo".

Este princípio fala que, ao analisar algo, começamos a entendê-lo fazendo analogia com outros padrões previamente conhecidos; passada esta fase, começamos a fazer novas descobertas (descobrir = tirar a coberta, que te atrapalhava a enxergar, da frente; mas note que mesmo coberto podemos perceber que tem algo ali, só não temos clareza devido a falta de detalhes) e assim o universo do conhecimento se expande.

Se antes tínhamos a ideia da Contração e Expansão que estava presente em tudo no Universo, estudando à fundo elas, descobrimos que existe também contração dentro da Expansão e também uma expansão dentro da Contração. Isso já foi exaustivamente abordado no texto Os Quatro Elementos, mas segue a imagem que resume a tudo isso, até expandindo um pouco mais para o que chamamos de "Signos", que são padrões percebidos dentro dos próprios Quatro Elementos:


Por enquanto vamos ficar somente com a classificação dos Quatro Elementos e, depois, nos aprofundamos cada vez mais e mais nos detalhes, Ad Infinitum.

Utilizando o padrão dos elementos para definir e classificar os diferentes planos que o Homem consegue ter contato, fica mais ou menos assim:

- Fogo:      Atziluth, o mundo arquetípico, onde estão as energias puras e sem combinações.
- Água:     Briah, o mundo criativo, onde estão nossas emoções.
- Ar:         Yetzirah, o mundo formativo, onde estão os símbolos e ideias, o astral.
- Terra:     Assiah, o mundo ativo, onde vivemos.

Não existe uma divisão precisa destes mundos, tudo que existe em um plano existe nos outros como um continuum, a divisão, na teoria, é feita simplesmente para simplificar o entendimento do todo (dividir para conquistar). Então seria algo assim: tenho esse meu corpo físico, que está em Assiah, tenho o corpo astral (conjunto de todas as minhas ideias e conhecimentos puros) em Yetzirah, tenho meu corpo emocional (conjunto de todas as emoções que sinto ou já senti) em Briah e, por fim, meu corpo mais puro, livre de qualquer influência mundana, que está em Atziluth. Mas, se olharmos de uma maneira geral, todos eles juntos formam o Lucas e não só uma das partes.

No primeiro texto de magia falamos do engenheiro que constrói um prédio baseado em ideias, não em simples força física. Quando ele recorre às ideias, está recorrendo a um outro "plano", sendo isto consciente, é uma forma de magia.

Certo, aí entra uma grande questão: e quando a pessoa morre no mundo físico? Todo este continuum deixa de existir?

A pessoa não morre no mundo físico, seu corpo simplesmente se desintegra e vai compor outros corpos (daí que vem uma das ideias do "inconsciente coletivo", dessa mistura material que vai acontecendo e misturando também as outras contrapartes dos outros planos; necrofagia não surgiu do nada, nada vem do nada; não só isso, como também a ideia da formação de um golem e outros vasos que são feitos para absorver a energia resultante da decomposição), mas note que o esqueleto da pessoa ainda fica por muito tempo caso a pessoa não seja cremada, daí vem as lendas de jogar sal e queimar o esqueleto para acabar com uma 'alma penada'. Essa é a parte que dá para se fazer analogias, o que acontece exatamente do outro lado após a 'morte' já fica um pouco complicado de se provar; alguns falam de espíritos, reencarnação (considerando suas diferentes vias), outros de panteísmo, outros de céu/inferno, etc. O que importa para nós é o agora, enquanto estamos vivos, e enquanto estamos vivos temos estas contrapartes.

Bom, como foi citado no texto anterior, o mundo físico pode alterar o mundo intelectual e vice-versa. Então a primeira proposição a ser feita nesta série de textos é a seguinte:

- Por uma semana deixe seu quarto, ou ambiente que mais passa o tempo, totalmente desorganizado, com as coisas tudo jogadas e fora do lugar. Analise seus pensamentos e sonhos e faça algumas anotações que achar pertinente;

- Na semana seguinte arrume tudo, não deixa nem uma sujeirinha fora do lugar, tudo perfeitinho. Analise seus pensamentos e sonhos, faça algumas anotações que achar pertinente, e compare com as da semana anterior.

Uma semana pode ser pouco para algumas pessoas, mas a diferença será notável dependendo do tempo de cada um; se quisermos ter o corpo mental organizado e harmônico, precisamos dominar o meio físico de maneira que ele nos transmita a ideia de que estamos e um lugar organizado e harmônico. Arrumar o próprio quarto, lavar uma louça, capinar um lote, isso é uma maneira de realizar magia na prática!

Note que desenhos, símbolos, frases, esculturas, objetos, tudo isto irá influenciar a maneira como sua mente enxerga o ambiente, se eu coloco uma escultura de um Deus que me faça sentir bem no quarto, sempre que entrar no meu quarto ela irá modificar minha mente de maneira a ajudar a me sentir bem naquele ambiente. Rezar antes de dormir nos coloca em conexão com uma ideia que gostaríamos de sonhar. Muitas são as coisas de se fazer algo no mundo físico para modificar algo ou a nós mesmos no mundo das ideias.

Para finalizar, podemos fazer algo para melhorar mais ainda esta força de modificação, o que é chamado de "consagração de um objeto". A consagração é uma maneira de falar para você mesmo "Este objeto é isso e faz isso toda vez que eu olhar para ele", por exemplo, posso consagrar um quadro para colocar no meu quarto que me lembre, toda vez que olhar para ele, que existe um deus dentro de mim.

Existem muitas maneiras de se consagrar um objeto, a minha preferida é utilizando os Quatro Elementos para me lembrar qual será o(s) plano(s) que a consagração visa atingir, por exemplo:

- Se quero que algo tenha um objetivo no mundo físico, como um ventilador que irá aliviar este calor horrível que estamos passando, faço uma consagração jogando sal grosso (normalmente utilizado para representar o elemento Terra) nele. Passo o sal grosso nele e falo em voz alta: "Eu, Colorado Teus, consagro esse ventilador com as energias de terra, com o intuito de aliviar um pouco do calor.", ou pode fazer uma oração como "Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador..." pedindo para seu anjo consagrar para você.

- Se quero algo que tenha um objetivo no mundo das ideias, como uma pintura que sempre vai me lembrar de um ideal, faço uma consagração passando a fumaça (representa o elemento Ar) de um incenso pelo objeto e falo algo parecido como na da Terra, mas trocando por "energias do ar".

- Se quero algo que tenha um objetivo no mundo emocional, como uma foto que me ajuda a lembrar de alguém que gosto, faço uma consagração passando vinho (representa o elemento Água) pelo objeto (cuidado para não fuder com o objeto) e falo algo parecido como na da Terra, mas trocando por "energias da água".

- Se quero algo que tenha um objetivo no mundo arquetípico, como uma estatueta de um deus que me lembra dos meus objetivos mais importantes em vida, faço uma consagração passando o objeto perto da chama de uma vela (que representa o elemento fogo) e falo algo parecido como na da Terra, mas trocando por "energias do fogo".

Não há problemas em usar um objeto para mais de um plano, para isso use mais de um elemento na consagração. Pode se combinar com as energias astrológicas também para maior precisão na consagração.

Quando todos os objetos de seu quarto forem devidamente consagrados, sua mente se sentirá "em casa" e funcionará de maneira absurdamente bem e harmônica, mas note que se alguém que não seja você tocar seu objeto, a consagração será perdida, pois as energias da pessoa se misturarão com as energias do objeto e a conexão não será mais perfeita.

Vai dar certo!

5 comentários:

  1. Ouvi sua voz quando estava lendo algumas partes do texto haha
    Pretendo harmonizar o meu quarto e fazer algumas consagrações
    Sarava!

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  2. Uma pergunta: posso consagrar minha cama para fazer viagens astrais enquanto durmo?

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    1. Se você já faz viagens astrais consciente é bom, se ainda não é melhor não fazer e treinar mais exercícios de visualização e meditação antes.

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    2. Já tive algumas experiências nesse sentido, principalmente quando se trata de viagens ao templo astral. Mas sempre através de meditações, nunca de forma inconsciente. Ou não, quem sabe eu já fiz várias viagens astrais mas não lembro porque o sonho não foi translúcido?
      Obrigado e parabéns pelo blog. Está abrindo muito a minha mente no caminho da magia. :)
      P.'.P.'.

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    3. Então ainda está na hora de treinar mais exercícios de visualização e meditação, assim como aumentar sua autoconfiança (que envolve fé e raciocínio lógico), para depois passar para a fase de projeções astrais.

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