12 de fev. de 2013

Entrevista: Raph Arrais

Por: Colorado Teus

Satisfação,

Hoje entrevisto Raph Arrais, webdeveloper, dono e escritor do blog Textos para Reflexão, poeta e escritor de alguns livros, como o recém lançado Ad Infinitum. Em suas obras esbanja domínio acerca de filosofia e tem um ótimo método didático; na maioria das vezes aborda teorias que visam entendimento e compreensão da essência da "criação" do universo, sempre levando em conta também os avanços da ciência. Considero seu texto "4 Amores", um dos melhores textos que já li na internet, sugiro intensamente a leitura.




Perguntas Rápidas:


1. Se você fosse um animal, qual seria?


Eu gostaria de ser um felino, por que amo os felinos desde que em entendo por gente. E, de todos os felinos, gostaria de ser o mais belo e mais rápido, o guepardo:





2. Se você fosse uma cor, qual seria?


Cinza. Pois o meu lado científico diz que não existem cores, apenas luz. Mas o meu lado taoista gosta de pensar que o cinza fica no caminho do meio: entre a ausência de luz e a luz. Afora isso, o cinza não chama muita atenção. Eu gosto de usar cinza para não me destacar na multidão e, dessa forma, poder contemplar a multidão.




3. Se você fosse uma música, qual seria?


Echoes, do Pink Floyd... “O eco de uma era distante vêm florescendo pela areia. E ninguém sabe dos comos e porquês, mas há algo que se espanta e tenta subir em direção à luz”.

                                                                   Pink Floyd - Echoes



4. Se você fosse uma obra de arte (pintura ou escultura), qual seria?


Roda de Bicicleta, de Marcel Duchamp. Um ready-made sobre o movimento e o repouso:


Roda de bicicleta - Marcel Duchamp


Disse Jesus: se vocês disserem qual a vossa origem, dizei-lhes: viemos da Luz, de onde a Luz se originou dela mesma. Ela permaneceu e revelou-se a si mesmo em sua imagem. Se vos disserem quem sois vós, dizei-lhes: somos seus filhos e somos eleitos do Pai Vivo. Se vos perguntarem qual é o sinal do vosso Pai em vós, respondei-lhes: é o movimento e o repouso.” (O Evangelho de Tomé, versículo 50)

Perguntas envolta da Verdadeira Vontade:


1. O que você ama?


O amor em si, a potencialidade de amar. O fogo “indetectado” pela ciência, que quanto mais queima, mais tem combustível para queimar ainda mais. A ânsia inefável da vida por si mesma.


2. O que você acha que faz bem?


Esta os estoicos já responderam para mim: dedicar-se ao que lhe cabe mudar, e apenas a isto.


3. O que já te pagaram ou você acha que pagariam para fazer?


Bem eu sou pago para desenvolver sites web. Mas, recentemente, também tenho sido pago para escrever, na medida em que compram meu livro. Claro que ainda ganho muito mais para desenvolver sites, e não há nenhum problema nisso. Mas, o fato de pessoas estarem usando dinheiro vivo para comprar meu livro, significa que estão dando uma atenção especial, mental e espiritual, a ele. Não quero “ganhar dinheiro” com ele, mas quero que as pessoas “gastem um pouquinho” de seu dinheiro com ele, para que ele se torne “algo de valor”. Assim mais pessoas irão lê-lo, só isso.


4. O que você acha que o mundo precisa?


Amor, e disto quase todos sabem. Entretanto, Patch Adams costuma perguntar as pessoas com as quais cruza em suas viagens pelo mundo: “qual sua estratégia para o amor?” – e isto pouquíssimos sabem responder. Isto é: não temos uma estratégia para desenvolver aquilo que é mais precioso em nossa vida. Mas, se pretendem começar, recomendo o livro Amor, de Leo Buscaglia.


5. Qual o momento que sentiu o maior êxtase em sua vida que pode falar?


Difícil escolher um, mas acredito que tenha sido dentro de um ônibus, voltando de Copacabana para a Gávea, onde morava no Rio de Janeiro na época, em 2000. Foi quanto minha mente racional “tomou conhecimento” de tudo o que havia ocorrido na minha primeira experiência de regressão a vidas passadas, e que até então tinha sido uma experiência puramente emocional e intuitiva [1]. Quando “caiu a ficha” do que eu havia experienciado. Ou, quem sabe, o êxtase tenha se iniciado na própria regressão em si, mas só me tornei consciente dele quanto racionalizei o que havia ocorrido.


Eu falo sobre esta experiência em meu blog, na minha série de festas estranhas:


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[1] Mas não recomendo a experiência para “qualquer curioso desavisado”. Se você tem interesse nela, não deixe de ler esta minha série acima antes de se decidir por fazer ou não fazer.


Perguntas especiais com ajuda do Tarot:


1ª Carta tirada: A Imperatriz



A carta “A Imperatriz” remete a um amor maternal que, algumas vezes, pode ser muito perigoso. Já aconteceu alguma situação de sua vida em que você sentiu que iria perder o controle e ficar violento porque algo ameaçava algo que você ama(va)? Se sim, qual e qual foi o resultado? Se não, o que te ajuda a manter calma em situações como esta?


Crescendo no Rio de Janeiro, cansei de ser assaltado, e talvez por isso tenha aprendido a manter a calma nessas horas. Mas, uma vez estava numa cidadezinha no sul de Minas com minha esposa e minha cunhada, voltando a pé para o hotel. Só que (eu não sabia) tinha uma espécie de festa com rodeio ocorrendo naquele dia, e isso significava que vinha muita gente de fora. Daí fomos abordados por três jovens assaltantes, que queriam nos levar para o meio do matagal. Naquela hora eu pensei: “se eles vão tentar estuprá-las, ou eu mato os três, ou morrerei tentando”. É uma espécie de instinto animal ancestral mesmo (e eu sei bem o que é isso)... Mas, graças a Deus, eu fui rápido em abrir minha carteira mostrando o dinheiro, e elas jogaram a única bolsa que tinham no chão, e eles apenas pegaram as coisas e mandaram a gente sair correndo. Desde esse dia nunca mais andei acompanhado, principalmente das pessoas que amo, como se estivesse andando só. Eu havia sido assaltado já, mas nunca pensei em perder algo mais do que minha própria vida.




2ª Carta tirada: A Roda da Fortuna (parece muito com a obra Roda de Bicicleta)



A carta “A Roda da Fortuna” nos faz lembrar dos sistemas utilizados pelo homem para entender as estruturas de algum sistema ou organização, como, por exemplo, a Kabbalah ou as próprias ciências ocidentais. Qual o sistema que você mais utiliza ou está mais presente em seus raciocínios? Indique alguma situação em que a compreensão de um sistema te ajudou a ter sucesso.


O sistema que mais utilizo também está presente em diversos outros sistemas imaginados pelo ser humano. Nos Upanixades hindus se falava sobre ele, assim como no Tao Te Ching (taoismo), nos poemas de Parmênides (filósofo pré-socrático), no estoicismo, na filosofia neoplatônica de Plotino, na obra prima de Benedito Espinosa (Ética), e até mesmo no pensamento de Einstein (que, como devem saber, era grande admirador de Espinosa).


Para tentar ser o mais compreensível possível, este sistema basicamente pega aquela antiga pergunta, “O que veio primeiro, o ovo ou a galinha?”, e a substituí por uma ideia ainda mais profunda: a Substância incriada, que é ao mesmo tempo tanto o ovo quanto a galinha quanto tudo o mais que há. Não faz sentido, neste caso, a própria pergunta em si: tanto o ovo quanto a galinha já são partes do Todo, e nenhum deles poderia ser, por si só, este Todo, ou Substância.


Eu sou a luz das estrelas, o início, o fim e o meio...” – devem lembrar desta música de Raul Seixas. Pois é, ela é basicamente uma adaptação musical de trechos do Bhagavad Gita (hinduísmo): http://youtu.be/_cpqBBjC0qM [2]


E isto tudo tem a ver com o Uno. Aquilo que se opõe ao nada, pois que algo existe, e o nada não existe nem nunca existiu nem jamais existirá. O Universo nada mais do que o inverso do Uno: a Substância que não poderia haver criado a si mesma.


Dessa forma, como tenho sempre falado em meu blog sobre tal sistema, às vezes diretamente, às vezes indiretamente, meu livro não poderia tratar de outro assunto. Ad infinitum é, portanto, um diálogo entre quatro personagens acerca do Infinito; e o Infinito nada mais é do que o Uno, embora cada um o compreenda a luz de suas crenças ou descrenças (e daí o motivo de haver optado pelo diálogo entre personagens de crenças opostas).


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[2] Mas atentem, porém, para a frase “eu sou o Tudo e o Nada”: neste caso, pela lógica, o “nada” ali só pode ser compreendido como alguma espécie de conceito de Vazio, e não o Nada em si, que como disse, não existe. Não tenho certeza se esta frase consta no Gita (algumas coisas ele e o Paulo Coelho inventaram meso, como “o sangue no olhar do vampiro”, etc.)

Comentários finais:

Raph ArraisPara conferir minha obra literária completa basta acessar meu blog, Textos para Reflexão, e clicar no banner da coluna direita, que te levará a uma lista com todos os meus livros publicados em diversas plataformas (livros impressos, eBooks nos formatos PDF e Amazon Kindle e, espero, em breve também para o Kobo). Além disso, meu próprio blog já tem conteúdo suficiente para horas e horas de leitura:


Para conferir meu portfólio web e meus outros blogs (hoje inativos), acesse: http://www.raph.com.br/


Obrigado pelo convite e pelas perguntas.


Lembre-se: meu blog se chama Textos para Reflexão também para que reflitamos juntos, e que sejamos também um a luz do outro, refletida adiante!

Mapa Astral de Raph Arrais:



Colorado Teus: Gostaria de agradecer a todos pelo apoio, estou muito feliz com o sucesso do blog. Muito obrigado também Raph Arrais, será ótimo poder estudar seu mapa já que é uma pessoa que tanto admiro!
Como dizia Crowley, para a pessoa que entra no caminho da Verdadeira Vontade o sucesso é a única opção, parabéns por toda sua obra Raph!

Vai dar certo!

3 comentários:

  1. Obrigado mais uma vez, Lucas.

    Hoje (agora há pouco), por acaso, postei um comentário sobre meu livro que pode ajudar a complementar o entendimento deste "sistema" de que falei:
    http://textosparareflexao.blogspot.com/2013/02/ad-infinitum-porque-nao-ha-2.html

    Abs!
    raph

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  2. Parabéns pela entrevista...ótimo convidado no qual sou suspeito para falar rs...Sucesso!!!

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  3. Ótima Entrevista! Sou fã do Texto para Reflexão, assim como do Diário do Adeptu.

    Parabéns pelo trabalho!

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